советский - депрессивный маньяк

Insatisfação pessoal, angústia, raiva, medo, o poder sobre as trevas visto de uma forma mais humana e racional do que pode ser imaginado. A corrupção, o desvio de caráter, todas alterações psicológicas que um ser humano pode sofrer se submetido a pressão, a desmotivação e a humilhação. A simples decadência tomando conta, ou não..

15 maio 2010

Correndo do demônio

Johan correu, cruzara andares em segundos, sentindo a respiração de seu algoz como se estivesse ao lado. A má iluminação deu espaço as sombras e o medo, não sentia dor ou cansaço, queria apenas chegar em sua sala - vivo e inteiro.

Cheiro a cigarro, burburinho, porta. Os demais funcionários estavam parados, na escada de incêndio, matando tempo - muito possivelmente por todo o sistema não funcionar.

Johan estava a apenas um lance do quarto andar - onde localizavam-se o refeitório, as salas de treinamento e reuniões - e, ao puxar a alavanca da porta de emergência depara-se com Ernesto.

"- O Diabo sempre te alcança.." - pensamento que fez Johan balançar a cabeça, pedir licensa e seguir em direção ao elevador.

Assustadoramente triste II - parte III

O cliente era uma pessoa de difícil trato. Para ele o computador não passava de uma máquina como seus videogames - o desligamento era feito diretamente no botão, sem acionar quaisquer comando, sem efetuar quaisquer rotina. Simples, rápido e direto: PUXA DA TOMADA.

No dia em que fora entregue os dois disquetes, o usuário foi advertido a respeito do funcionamento do mesmo:
- O primeiro disco e responsável pela instalação do programa;
- O segundo disco será usado somente para backup;

Sim, J programou um script (BATCH) para backup diário do banco. Programara também a execução de indexação dos bancos ao finalizar a aplicação.

Quanto a indexação dos bancos, acredita-se que tenha sido executada poucas vezes. J, na tentativa de restaurar o sistema presente no dia anterior solicitou os discos entregues. Visto que o sistema funcionava corretamente e somente os dados do banco foram comprometidos inseriu somente o disquete designado para backup na unidade.

Vazio.

"A praga do cliente NUNCA fez sequer um único backup!"

Não preciso dizer que J não recebera o valor prometido, tão pouco preciso dizer qual disquete J inserira na unidade após a tentativa de backup.

Assustadoramente triste II - parte II

Convertida toda a decepção, raiva, tristeza somado ao sentimento de injustiça, a inexperiência, e falta de auto-controle e razão em um único propósito, J passou a programar em uma linguagem mais próxima a máquina: C e, após algum tempo Assembly.

A dor da traição e sede por vingança fora convertido em fome. J achou, na biblioteca onde estudava, uma poderosa informação, uma verdadeira arma nas mãos certas: "Vírus Digital" um livro do início da década de 90 - juntamente de livros e publicações de programação.

Fascinado pelo Cérebro Paquistanês, um código auto-replicante capaz de infectar discos sobreescrevendo o setor zero (mbr) a partir da leitura de mídias contaminadas, J criou uma nova versão pouco maior e complexa (além da replicação via mídias o aplicativo armazenava informações no disco do número de vezes em que fora iniciado - somente).


Algumas semanas após o término do serviço para a locadora, voltando para casa, em uma triste manhã ensolarada de primavera J é visto e requisitado pelo dono da locadora, que propõe a J um novo serviço.

Insatisfeito com o pagamento do serviço anterior J recusa rapidamente, mas o cliente rapidamente sacando o restante do pagamento do trabalho anterior fez com que J repensasse no job.


O sistema desenvolvido passou a apresentar mal funcionamento, a proposta era faze-lo voltar a funcionar pelo valor em que fora desenvolvido.

13 maio 2010

Assustadoramente triste II - parte I

3 clientes, 3 promessas de desenvolvimento de um sistema, 3 projetos para 3 meses.. 3 desculpas esfarrapadas.

Primeiro cliente, primeira promessa, primeiro projeto..

..12~13 anos, aficcionado por jogos de computador. Tinha primos e mãe que adoravam apagar seus saves nos jogos favoritos. Aprendeu a programar fuçando em manuais do Ms DOS, BATCH foi sua primeira linguagem.
Seu padrasto apresentou-lhe o Clipper Summer 87. A possibilidade de definitivamente esconder senhas e executar aplicações SOMENTE a partir do aplicativo de desbloqueio tomaram conta da vida e dos pensamentos de J.
Não demorou muito para aprender a trabalhar com arquivos .DBF, a interface DOS realmente foi-lhe amigavel.
J compilava suas aplicações, lincava o arquivo objeto diretamente com os jogos preferidos, aprendera a manusear arquivos (e suas permissões de escrita - ATTRIB, e maravilhosas aplicações executando em background impedindo acesso aos seus maravilhosos saves), aprendera a utilizar bancos DBase, indexa-los e extrair buscas complexas.

Eis seu primeiro desafio: Programa de locadora.

O aplicativo tinha ficado leve, pequeno e relativamente fácil de operar. Haviam no total 6 executáveis (sendo o principal responsável por direcionar o usuário ao cadastro de clientes, estoque, relatórios, backup e respectivo instalador). Lembro de ter cobrado R$50,00 pelo sistema.

Imaturo, irresponsável, ingênuo. 3 "I"s que marcaram época.

Prometi o sistema funcionando em 3 meses.

Iniciei, claro, desenvolvendo o instalador. Como se eu tivesse todo o tempo do mundo para o resto.

Minha mãe, na época, criticava o fato de eu não iniciar um projeto sem um nome, uma identidade para o mesmo. Se o nome da aplicação não era suficientemente bom, se as cores e o layout não eram interessantes. Logo eu desistia e recomeçava.

Foi assim com o instalador..


..Até finalmente, claro, eu nomea-lo INSTALADOR e pronto. Naquela época os nomes dos arquivos deviam ser menores de 9 caracteres, o executável ficou somente como INSTALAR.EXE - percebe-se que minha falta de criatividade vem de anos atrás.

O instalador consistia em somente em uma tela contendo uma barra de progresso e uma relação de itens a serem instalados. Efetuada execução do INSTALAR.EXE este localizava o local de execução, deveria ser um disquete rotulado conforme descritivo no arquivo oculto INSTALAR.EX0 (que não passava de um .DBF escondido), o tamanho, nomes, local de origem e destino estavam salvos em outro arquivo oculto chamado INSTALAR.EX1 (que igualmente não passava de outro .DBF escondido).

Toda essa questão do instalador dava um ar de profissionalismo pra coisa. Os arquivos a serem instalados geralmente não possuiam nome algum mas sim um rótulo tipo INSTALAR.001, INSTALAR.002, INSTALAR.003 e assim sucessivamente (conforme quantidade de arquivos - nunca programei nada que tivesse mais de dez -, sejam arquivos de banco de dados, executáveis, ajuda ou documentação).

Muitas vezes o próprio instalador apresentava problemas (o sistema era tão complexo que chegava a atrapalhar). Os rótulos nos discos muitas vezes não era válido pelos dados salvos no .DBF, o que muitas vezes me forçava a efetuar as instalações manualmente.

Lembro de ter demorado pelo menos um mês programando esse bendito instalador. Eu já tinha recebido metade do pagamento, o cliente queria ver alguma coisa funcionando - e eu não ia levar um instalador.

Contra a vontade de sua mãe adotara a política de entrar madrugada a dentro programando - foram uns 3 dias intensos.

Chegara então ao cliente com a tela principal do nosso projeto:
Uma grande caixa estilo 3D (pra época, poxa, era muito bacana) exibindo os rótulos dos comandos (teclas de atalho), clientes recentemente cadastrados, artigos recentemente cadastrados, artigos a serem devolvidos e clientes devedores (ou algo muito próximo disso - foi desenvolvido quaisquer módulo financeiro, primeiro por não estar previsto, segundo por não haver conhecimento suficiente, terceiro por não ter tempo - o que taxava um cliente com débito ou não era somente um campo estilo checkbox informando situação regular/irregular).

Essa era a tela principal do aplicativo - lembro também haver um grande problema com a listagem de clientes devedores, mas isso nunca foi corrigido (ou sequer mencionado posteriormente).

Como podem ver, o projeto realmente estava engatinhando, eu tinha metade do prazo para desenvolver, o cliente - como era de se esperar - não ficou nada satisfeito com o que fora apresentado. J conversou, se explicou, mostrou os fontes, apresentou o banco de dados. Apesar das adversidades, conseguira convencer seu algoz que terminaria sua penitência dentro do prazo.

Foram longas noites desenvolvendo o módulo de clientes, e mais longas noites desenvolvendo e repensando o estoque. Banco modelado, telas criadas, faltava relacionar, fazer funcionar. Workflow? J não tinha 15 anos, sequer imaginava essas coisas.
Criou telas de edição, inclusão, listagem e exclusão para seus registros.
Apanhou quando começou a programar as rotinas de "locação", onde os dados de dois bancos deveriam ser lidos, as informações cruzadas e dados salvos em ambos arquivos. O prazo estourava em uma semana - menos, dias.
A corrida contra o tempo começou, J não conseguia pensar em nada. Resolvera adicionar funcionalidades ao aplicativo - no intuito de amenizar a ira de seu contratante.
Pensou adiante, algo visionário: rotina de backup.

O cliente teria salvo em seu HD o sistema e todas informações de estoque de fitas da loja, o que aconteceria se o banco apresentasse problema?

Para minimizar os danos, todo final de expediente seria interessante salvar os arquivos de dados. J daria ao cliente não apenas um, mas DOIS disquetes. Um contendo o INSTALADOR (que alguns meses após viraria multifunção: RESTAURADOR de backups), e o outro disco em branco, contendo somente um rótulo e um arquivo oculto de índice (para saber qual seria a contagem do disco - quantas vezes fora efetuado backup).

Apresentado os módulos ao cliente, juntamente do instalador finalizado (sem o recurso de restauração operacional, mas funcionando), ele adorou, porém reclamou da falta de relatórios e de uma forma de saber se o cliente havia pago (lembro-me agora que esse recurso só foi feito dias após a entrega).

Enfim, um sistema de 3 meses levou quase meio ano para ser desenvolvido. Devido as circunstâncias o cliente não quis pagar a quantia restante.

J estava decepcionado, sentia raiva, tristeza, injustiça..

..E o resto eu conto amanhã.

24 setembro 2009

Assustadoramente triste

3 clientes..
3 promessas de desenvolvimento de um sistema - no mínimo bacana e - inteligente o suficiente pra fazer com que os macacos que vão sentar na frente o micro passem menos tempo repetindo tarefas ridículas como repreenchimento de formulários..
3 projetos planejados pra entrar em funcionamento no final de outubro, novembro e dezembro..
3 desculpas esfarrapadas..

..O resto da história..



..Eu conto depois.

07 julho 2007

BlackHat Attack

Stefanella - apelidada de Ste pelos colegas de setor - realizava um estudo sobre fontes privilegiadas de informações em redes corporativas. Iniciou seu trabalho na AngryTech fazia poucos dias e encantara-se pelo nível de complexidade de seguraça da rede.

Só foi possível conectar suas ferramentas de filtragem de dados após a liberação de um canal direto ao chamado 'raiz zero' - núcleo principal de distribuição, controle e armazenagem de dados - via cabo de rede até sua mesa.

Esse cabo é o único meio de comunicação direto com os servidores, roteadores e firewalls. Sua porta disponibiliza acesso à apenas uma máquina, sendo feito seu reconhecimento através do MAC e de um conjunto específico de assinaturas, liberando acesso indiscriminado ao serviços sem intromissão de quaisquer firewall/filtro.

07 julho 2006

O chamado da Virtualidade (continuação parte 2..)

Já em sua sala, com a luz ligada e com os colegas curiosos passando com cara de relativa infelicidade referente a atual situação da rede, ele veste os sapatos, apaga a luz e tranca a porta, troca de camisa, acende a luz, destranca a porta, ajeita a gravata olhando-se na webcam. Pronto. Um perfeito profissional, pronto para resolver os problemas das mais complexas redes de comunicação.

Deixa os papéis em cima de sua mesa e segue rumo a sala da coordenação. Ao chegar constrange-se com as reclamações referentes ao não funcionamento da rede e solicita que algum funcionário que tenha acesso ao claviculário ou as chaves da sala de servidores se apresente o quanto antes para que o problema seja solucionado, e assim, retorna a sua sala.

Em menos de cinco minutos um sugeito alto, robusto, praticamente um sumério bate a sua porta - as batidas mais pareciam com alguém tentando derruba-la a golpes de machado -, então, encolhido em sua cadeira informa: "- A porta está aberta, não precisa derruba-la!"

A porta é aberta e a terrível criatura ergue um de seus braços e exibe um imenso molho de chaves, então pergunta: "- Qual é o número da sala?" ele desconhecia a resposta, "- Qual é a cor e a letra da etiqueta da porta?", questão também desconhecida por Johan, mas havia o mapa em sua mesa, em preto e branco, e também não haviam etiquetas ou numeração de portas.

Decidiu-se que a bárbara criatura desceria acompanhando o administrador. A constituição animalesca contrastava com o frágil corpo, e ambos dirigiam-se ao elevador que bravamente suportaria tanto peso sem demonstrar qualquer falha em seu funcionamento.

Ao chegar em frente a sala, a temível criatura puxou novamente o molho de chaves, balançando-as no ar provocando um angustiante ruído, sequenciado pelo eco dos corredores vazios. "- L, Setor Laranja..", procura então a chave, "- L, Setor Verde, V laranja, J laranja, O verde, hum..", mas não localizava a chave. "- Quem sabe no claviculário da sala ao final do corredor?" Interfere o administrador.

Então inicia-se uma série de pavorosas gargalhadas, monstruosas, horrendas. A criatura chegava a babar de tanto gargalhar. Não bastando colocar as mãos na barriga, ajoelhando-se, até quase agachar-se. "- Céus.." O pavor tomou conta de Johan e como um animal acuado buscou refúgio no canto da sala, enquanto apertava freneticamente o botão do elevador. "- 6o. andar, droga.."

As gargalhadas não cessaram, os olhos da temível criatura cerraram-se por alguns instantes, quando então Johan decide correr em direção as escadas de emergência, e o faz, correndo o mais rápidamente possível. O som das gargalhadas ecoavam de torma tenebrosa nos corredores do subsolo três. E as lâmpadas se ascendendo e apagando a cada três passos tornava o clima mais assustador possível.

Ao chegar então na porta das escadas de emergência uma enorme sombra foi percebida aproximando-se, juntamente do ascender e apagar das luzes - ele estava correndo na direção de Johan, que por sua vez não espera o lunático bárbaro aproximar-se e inicia sua subida pelas escadarias mal iluminadas de emergência..

O chamado da Virtualidade (continuação..)

Atravessei rapidamente o corredor principal até o elevador - "Creio que poucos usuários tenham percebido que a rede caiu, mas duvido que os desenvolvedores já não estejam querendo meu cérebro em um vidro de conservas.." - disse para sí mesmo enquanto a porta abria.
"Ótimo! Sem horário, sem temperatura, sem música no elevador!" - exclama olhando-se no espelho após apertar o botão S3, que o levará diretamente ao saguão dos servidores, local onde esteve apenas duas vezes, uma, quando contradado - foi feito um 'tour' pelas dependências da empresa -, outra quando resolveu 'checar' o sistema de refrigeração com uma das delícias da faculdade. "Nossa, estou horrível.." -, a barba já cumprida denunciava meses de negligência, a roupa amarrotada, a gravata frouxa e os óculos ensebados - "Isso é o que dá trabalhar sem contato humano.." - murmura enquanto tenta ajeitar a gravata.

O elevador então para, a porta se abre, a esquelética figura então sai e empurra a porta da sombria sala dos servidores. Trancada. A lembrança de haver, em algum lugar naquele mesmo andar, uma cópia da chave tornava-se nítida a cada passo nos corredores iluminados apenas por luzes fluorescentes de emergência que acendiam-se acionadas pelo sensor de presença.

O ruído do ar condicionado era grande, contrastava com o leve barulho das pantufas calçadas, ele mesmo não acreditava que havia esquecido do fato de estar vestindo-as para trabalhar enquanto em sua sala, não era raro esse fenômeno mneumônico. Johan é conhecido como o maluco da sala escura, pois além de buscar cafezinho na copa quando sua cafeteira pessoal está vazia, vestindo as imensas, amarelas e chamativas pantufas de tigre, trabalha em um 'aquário¹' com a luz desligada - sim, alegando que com as luzes de sua sala desligadas ele consegue enchergar melhor no monitor por causa da menor quantidade de reflexos a coordenação não fez objeções a respeito - o que faz com que os demais funcionários encham-se de curiosidade na tentativa de espreitar o trabalho do administrador, o que resulta em inúmeros sustos, já que ele mesmo gosta de observar as pessoas passando em frente a sua janela e, quando estas param e olham para o interior, tentando enchergar alguma coisa ele acende a luz, aparecendo subitamente na frente do colega bisbilhoteiro.

Ao chegar ao fim do corredor havia uma grande porta de vidro, igualmente trancada. Lá dentro estão as chaves da sala dos servidores. Johan aproxima suas mãos do vidro, aproxima seu rosto na tentativa de enchergar alguma coisa - aperta os olhos -, mas nada. Apenas sombras. Olha ao redor, caminha até uma das luzes de emergência, desconecta-a da tomada, desconecta-a do sensor e a acende.

Então aproxima-se de volta a porta, com a luz tudo parecia fazer mais sentido, o vidro fumê possibilitara pouca visibilidade, mesmo com luz, contudo podia-se observar o claviculário. "Muito bem, hora de chamar o pessoal da limpeza e manutenção, eles tem chaves..". Colocou a lâmpada em seu devido lugar, reconectou o sensor e a rede elétrica, desligou o acionamento manual permitindo apenas o automático.

Caminhou rapidamente em direção ao elevador, que estava subindo ao nono andar. Conhecendo o andar em que o mesmo se encontrava - "Salão de festas" - e a velocidade em que ele se movimentava inferiu que demoraria demasiadamente, logo resolveu descer de escada - A sala da 'zeladoria' encontrava-se no andar abaixo e, se não lhe falha a memória, havia também um claviculário na mesma parede do quadro de serviços.

Já passaram-se quarenta minutos desde que Johan, o administrador, setou o servidor central para ignorar toda e qualquer solicitação de dados proveniente da rede, independente do protocolo. "A essa altura a empresa toda vai me querer em um imenso vidro de conservas, como aqueles aliens na area 51.." - Frases que desta vez não passaram de pensamentos, tão nítidos quanto a imagem da sala de manutenção vazia.

Não havia ninguém trabalhando no setor naquele momento, mas sendo a possibilidade de encontrar sozinho a chave válida, dá-se por início a procura pelo claviculário. Gavetas cheias de papéis, alguns amassados, provavelmente já sem valor algum, peças velhas, arames, fios, cabos e mais cabos, monitores antigos empinhados em um canto, alguuns unidos por silver tape, um armário abarrotado de teclados e mouses antigos, mais centenas de cabos de força, cabos lógicos e, quem sabe, dois kilômetros de cabos de rede.

Todo esse material foi descartado devido ao fato das máquinas adquiridas no início do semestre passado possibilitarem a resolução de mais tarefas de forma coletiva. Cada operador divide a mesma máquina com, pelo menos outro operador com o qual seu serviço está relacionado. Logo há um maior aproveitamento de recursos financeiros e telemáticos.
Os padrões de comunicação entre as máquinas são wireless, o que já torna a necessidade de conectar os cabos de força algo obsoleto. As únicas máquinas wired³ são os servidores entre sí, formando um cluster e o central com a antena emissora utilizando cabos ópticos.

A distribuição de sinal dos access points é feita através do duto do elevador e distribuido com sinal amplificado em cada andar, logicamente com filtros e amplificadores de sinal no subsolo 2, no segundo, no quarto e no oitavo andar.
Não há reclamações de lentidão ou outros problemas, exceto os solucionados pelo helpdesk referentes a configuração das máquinas.

"Quanto lixo amontoado.. Poderia ser feito uma doação para minha entidade carente." - Não, caros leitores, isso não foi um simples murmuro, mas sim uma ressoante exclamação.

Abrindo armários emperrados, gavetas abarrotadas, olhando atrás das cortinas, panos, papéis, e nada do claviculário. "Hummm.. Um mapa." - Johan se abaixa para pegar um esquema impresso do interior da AngryTech, corredores, portas, nomenclaturas, dutos de água, dutos de calefação, sistema elétrico, fosso do elevador, tudo encontrava-se naquela grande e bela planta.

Sem exitar pegou-a, caminhou até a primitiva máquina de xerox e apertou, pelo menos cinco vezes, o botão de cópia. Sim, ele possuia o 'dom do xerocar'.. Sim, ele esperava fazer uma montagem com aquelas impressões e colocar em seu quadro de anotações e recados, quem sabe esquematizar com alfinetes coloridos distinguindo cada setor e cada máquina utilizada, sim, seria uma ótima idéia - "..Como eu não havia pensado em algo tão estúpido assim antes?"

¹: diz-se aquário sala de vidros onde as pessoas que passam conseguem observar seu interior;
²: também conhecido como quadro de chaves;
³: wired - leia-se 'com fios';

O chamado da Virtualidade

Não aguentava mais seus olhos, sua cabeça parecia latejar, a música repete pela décima vez. Há três monitores ligados, informando estatísticas de acesso, gráficos do tráfego de dados na rede e relatórios de conexão e erro. Mais uma manhã monótona, com usuários monótonos e..
"Hummm.. O que é isso?" - pergunta o administrador o monitor, que permanece calado..
Então ele aproxima-se de um dos teclados, pressiona SHIFT juntamente de Page Up, mas o log não para de correr. Inúmeras ocorrências de atividade em uma pasta pública..

07/07/2006 10:10:10 10.1.1.39 trying //10.1.1.1/home ** Access denied
07/07/2006 10:10:12 10.1.1.39 trying //10.1.1.1/home ** Access denied
07/07/2006 10:10:16 10.1.1.39 trying //10.1.1.1/home ** Access denied
07/07/2006 10:10:19 10.1.1.39 trying //10.1.1.1/home ** Access denied

..E assim sucessivamente..

"10.1.1.39? Mas só temos 37 computadores na rede, mais o servidor.." - murmura para o monitor, que mantém-se indiferente ao assunto.

Rapidamente ele gira sua cadeira e pega outro teclado, pressiona CTRL - um mundo maravilhosamente colorido aparece no monitor -, ALT e F1 - então um novo mundo, sem paisagens, morbidamente colorido, repleto de caracteres boiando sob efeito de um fundo gelatinoso, translúcido, sombrio.
PScyBSD 0.1-278 "War Daemon" DRONE tty1

DRONE login: root
Password: ****************

Last login: Thu Oct 07 13:13:11 2004 on tty1

root@DRONE:~ # drone-hunter 10.1.1.1
Inicializando sockets.. Conectando em 10.1.1.1.. Conectado!
CMD: /list machines
10.1.1.2 Servidor Apache
..
..
10.1.1.39 Desconhecido
CMD: /list machines -mac
10.1.1.2 06:D0:DD:FE:1A:9B *
..
..
10.1.1.39 12:B3:17:C3F:1B:4A
CMD: /deny ALL
Falha na conexão!

root@DRONE:~ # ping 10.1.1.1
PING 10.1.1.1 (10.1.1.1) 56(84) bytes of data.

--- 10.1.1.1 ping statistics ---
13 packets transmitted, 0 received, 100% packet loss, time 11998ms


"Maldição.. Tirei toda rede do ar.." - exclama olhando para o teclado, levando lentamente as mãos a sua cabeça. Então levanta-se calma e silenciosamente eparte correndo para a sala de servidores..

Shhhhh.. Não precisamos disso..

Eu havia descido do ônibus uma parada antes da minha por algum motivo desconhecido, instinto bizarro, ou similar - desconhecemos as surpresas da próxima página.
Ao passar pela parada a qual devera descer, uma linda jovem salta do ônibus despedindo-se do motorista. Simplesmente maravilhosa, com seus cabelos avermelhados e cacheados, seu perfume fez com que meus olhos se fechassem. "Eu deveria conversar com ela, puxar papo, sei lá.." Esse pensamento repetia-se, a cada milésimo de segundo mais intensamente. "Olá!" - Tomei coragem. - "Olá!" - Responde condescentemente a moça.
"Posso te acompanhar até minha esquina?" - Pergunto, aliás, caminhar essa hora da noite, sozinha, na rua, pode ser perigoso. - "Claro! Porque não?!" - responde gentilmente a garota que agora, após alguns segundos de conversa descubro que está cursando seu primeiro semestre em Direito na L'Umbra, uma universidade local.

A jovem confidencia que seguirá caminhando mais duas quadras ao aproximar-se da esquina na qual eu dobraria e, ao ver ao longe um grupo de rapazes se aproximando de forma suspeita convido-a a ir até minha casa, onde lá poderei pegar o carro e leva-la em casa, pois precisava sair para comer, e a essa hora da noite apenas o xis da esquina estaria aberto, logo, sua casa seria caminho.

A garota aceita e me acompanha até o portão, onde convido-a a entrar rapidamente.

A casa é confortável, apesar de eu viver sozinho a um longo tempo - mantendo-me solteiro -, não estava tão bagunçada. Então tranquei a porta. Seus olhos pareciam assustados e em sua face era possível prever um grito.

"Shhhhh.. Não precisamos disso.."


Nesta noite, não precisei sair para jantar.


Feche os olhos..

06 julho 2006

Ao Sr. Exmo. Leitor..

Os relatos aqui publicados, bem como falas, autores, locais e citações são fictícios. Qualquer semelhança entre o que escrevo e a realidade será mera - e bizarra - coincidência.

Neste momento estou alterando o layout afim de aproximar-me o máximo possível da imagem que gostaria de passar-lhe.

Agradeço desde já sua coolaboração.